Roteirista e cineasta. Ana Johann
graduou-‐se em jornalismo e fez especialização em Leiturade Múltiplas
Linguagens pela PUC-‐PR (2203) e especialização em documentário pela
Universidade de Barcelona (2005). Atualmente é mestranda do curso Comunicação
e Linguagem, com linha de pesquisa em audiovisual. Dirigiu e roteirizou o curta
“De tempos em tempos” (2007) e o média-metragem “Abaixo do Céu” (2010),
ambos documentários. “Um Filme para Dirceu” é seu primeiro longa-metragem
onde ganhou um prêmio especial de júri no 45 Festival de Brasília de Cinema
Brasileiro e tem passado por importantes Festivais no Brasil e exterior.
Atualmente Ana ministra aulas de roteiro e documentário, faz seus próprios
projetos e atua como freelance de roteiro.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Eu mesmo crio e produzo os meus filmes. Fiz dois curtas até hoje "De
tempos em tempos" meu primeiro filme que passou por importantes festivais
entre eles o "É tudo verdade" e agora "Notícias da Rainha",
ambos documentários, mas este último dialoga com a ficção e o teatro.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Eu comecei
com curta-metragem "De tempos em tempos" e até hoje só fiz um
longa-metragem "Um filme para Dirceu". Foi com o curta-metragem que
aprendi tudo o que sei sobre equipe, etapas e como conduzir um filme.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Curtas-metragens
são filmes que estão concentrados em um tempo menor de exibição e isso faz com
que não tenham espaço de venda em cinemas, porque ninguém quer sair de casa
para assistir 20 minutos de filme e ainda mais agora com a quantidade de conteúdos
difundidos pela TV e o espaço cinema em crise. Por isso os curtas encontram
mais espaço nos Festivais de cinema, mostras e na TV. E quanto aos veículos de
comunicação que por sua vez estão atrelados a informação, seguem a mesma regra,
eles tem informar que determinado filme está em cartaz, por isso curtas ganham
menos espaços, mas também podem ganhar ampla divulgação dependendo dos prêmios
que conquiste em Festivais e seleções importantes.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Eu não
sou expert em distribuição, então só posso falar como gostaria. Gostaria que
pudéssemos agregar curtas e estes sim serem vendidos no Cinema ou que fossem
exibidos antes dos longas. Poderia haver também projetos em escolas com
exibição de curtas.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
Por o
curta-metragem não ter este viés comercial sim é mais fácil experimentar por
que não depende do repertório do público.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que
o curta-metragem é um importante campo de experimentação para o diretor e
outros profissionais que envolvem um filme. Acredito que o planejamento de um
filme seja de curta, media ou longa são semelhantes, uma vez que todos eles
passam por etapas, como pré-produção, produção e pós-produção. Mas com certeza
um longa-metragem exige mais locações, atores e toda a infra aumenta e depende
de uma estratégia muito bem elaborada de divulgação e distribuição, sem contar
que a verba tem que ser muito maior. Acredito que o curta seja sim um
laboratório de experiência, seja estética ou profissional, mas não
necessariamente.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Receita? Não acredito em receita,
acredito em trabalho, dedicação e foco. Depende de cada autor, o que o autor
busca? Se busca sucesso de público com certeza tem que ter em mente uma
organicidade dramática muito bem elaborada, uma boa estória, com um grande
orçamento de produção e principalmente de divulgação. é preciso desde o inicio
pensar muito bem o que fazer.