Atriz. É integrante
do Círculo de Dramaturgia do CPT, professora de corpo e interpretação no curso
de Introdução ao Método do Ator do CPT, e faz parte do elenco do
"Prêt-à-Porter 9". No cinema atuou em “O Homem Mal Dorme Bem”,
de Geraldo Moraes; “1,99 - Um Supermercado Que Vende Palavras”, de
Marcelo Masagão; “Bruna Surfistinha”, de Marcos Baldini; entre
outros.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Primeiramente o roteiro. Em seguida, o diretor. Se me identifico com os curtas
que ele já tenha dirigido, se for o caso, e se conseguimos estabelecer uma boa
troca de ideias.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
O
primeiro curta que fiz foi aos quinze anos com direção de Aloysio Raulino. Foi
minha primeira experiência no cinema, e tive o privilégio de trabalhar com ele.
Depois disso nos encontramos mais duas vezes no set de filmagem nos longas
“Corpo Presente” de Marcelo Toledo e Paolo Gregori e “Riocorrente” de Paulo
Sacramento. Em ambos ele foi diretor de fotografia. Em 2000 atuei em
“Chateaubriand – Cabeça de Paraíba” de Marcos Manhães Marins. Poucos anos
depois produzi o curta “Manual para se defender de Alienígenas, Zumbis e
Ninjas” de André Mores, onde também fiz uma participação como atriz. Foi uma
aventura divertida, que fizemos sem dinheiro algum. Apenas com alguns apoios. E
recentemente atuei em “Sagrado Coração” de Cauê Brandão, exibido ano passado no
Festival de Brasília, e “Digo até Logo” de Giuliana Monteiro, em fase de
finalização.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Creio que
pelo fato de atingir um público menor por falta de espaço para exibição. Acabam
se limitando unicamente ao circuito dos festivais. Poucos realmente conseguem
fazer carreira em festivais, mas quando acontece, em contrapartida o saldo é
bem positivo.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Seria
ótimo se as pessoas criassem o hábito de assistir curtas. Mas para isso precisaríamos de um incentivo
através de mais mostras ou sessões especiais nas salas de cinema. Mesmo assim,
já tive a oportunidade de ir uma vez a uma dessas sessões em São Paulo e a sala
estava vazia. Os curtas acabam se limitando aos festivais de cinema. Mas fico
muito feliz ao ver que recentemente tivemos uma leva de curta-metragistas que
dirigiram seu primeiro longa, e que já havia uma expectativa grande em relação
ao primeiro filme deles por conta do reconhecimento de seus curtas. Para citar
alguns exemplos: Kleber Mendonça Filho, Juliana Rojas e Marco Dutra, Francisco
Garcia, Esmir Filho...
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com
certeza! No curta-metragem não temos o compromisso com produtores,
patrocinadores, distribuição e exibição. É o espaço para exercer toda a
liberdade de criação, sem compromissos que devem ser cumpridos a não ser com o
próprio filme que estamos fazendo. O difícil é conseguir manter a mesma conduta
na hora de fazer um longa, quando acaba se tornando necessário abrir mão de
algumas coisas para que o filme se torne mais “vendável”. É importante, apesar
das dificuldades que existem para que se consiga realizar um longa, não
desistir daquilo que acreditamos em essência, e que seja fundamental para a
obra..
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Sim.
Para todos. Em primeiro lugar, porque é essencial que todos tenham a
oportunidade de praticar o máximo possível para maior domínio da linguagem. E o
curta-metragem é o lugar certo para isso. Depois pela visibilidade, quando
temos a chance de mostrar o filme em festivais, e pelas parcerias que surgem a
partir desses experimentos, que posteriormente amadurecem na realização de
outros trabalhos.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Não sei
existe uma receita para isso. Mas acredito sempre no estudo e no trabalho.
Claro que se tratando de cinema, você aprende fazendo, e a partir disso vem o
aperfeiçoamento. Por isso a importância de se fazer curtas. É um excelente
campo de experimentação. E acredito que o mais importante dentro de tudo isso é
nunca perder a nossa essência e o porquê de estarmos fazendo cinema. O
comprometimento com aquilo que estamos contando.
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Já cheguei a pensar sim, pois sinto o desejo não só de criar
algo dentro da obra de alguém, mas de criar a própria obra. Mas ainda tenho que
comer um pouco mais de feijão pra isso... (risos).