Diretor,
roteirista e storytelling. Criador de conteúdo do Portal Tela Brasil. É dele e
de Marcus Alqueres o curta-metragem “The Flying Man”.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Pra mim
fazer um curta, um media ou um longa significa a mesma coisa: fazer um filme.
Meu trabalho e minha diversão é fazer filmes. Para um roteirista o que vale
mesmo é ter o resultado do seu trabalho na tela. É ver o universo que criou
transposto do papel para a tela. Na minha opinião não importa muito se isso
acontece através de um curta ou de um longa. Tudo depende do que a história
pede e do que é viável fazer. Claro que existem diferenças de mercado e mesmo
de linguagem. Mas no que se refere a minha experiência do fazer, o curta me dá
tanto prazer quanto outros formatos.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Comecei
minha carreira, como de costume entre profissionais do cinema, fazendo curtas.
Isso foi numa época em que as tecnologias para realizar e exibir filmes não
estavam tão disponíveis... Eu cheguei a montar um curta em moviola (apesar de
não ser tão velho...). A gente fazia curtas com sobras de filme e
dependia muito dos editais, dos prêmios, pra filmar com mais qualidade. Para
exibir dependíamos dos festivais. Passar por isso me fez aprender muito sobre o
meu trabalho. Hoje as coisas mudaram bastante. Estou co-dirigindo e produzindo
um curta documentário. Montei um estrutura super profissional, com uma câmera
fabulosa, gastando pouco. O "Flying Man", curta que escrevi, também mostra a
força desse sistema de exibição pela internet. O filme teve uma repercussão
imensa. Como disse, não sou tão velho assim. Mas vivi dois momentos muito
distintos, duas realidades diferentes do curta-metragem no Brasil. Trabalhei
nas duas realidades.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Eu acho
que, em outra época, o curta era mesmo muito restrito a um pequeno grupo de
pessoas. Mas sinto que isso está começando a mudar. A internet está mudando a
lógica de outras artes, como da música. Com o cinema não é diferente. Se a
mídia tradicional não dá atenção existem outras maneiras de chegar ao público,
de "fazer barulho". O curta pode fazer outros caminhos de sucesso.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Quando
era mais jovem a gente pensava em cotas de exibição de curtas nas salas de
cinema. Hoje não é mais o caso. Acho mais importante pensar em estratégias
bacanas de distribuição e divulgação na internet, por exemplo. E tem os
festivais, que ainda são restritos, mas podem repercutir bastante um curta.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção)
é o grande campo de liberdade para experimentação?
É. A
gente trabalha com muita liberdade num curta.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acho que
sim. Sempre me pareceu e ainda me parece um caminho muito natural. Se você é
bem sucedido num curta o caminho para o longa é mais fácil.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Nossa,
quem dera eu tivesse essa receita (risos)... Acho que tem umas coisas que valem
para ter sucesso em qualquer lugar: gostar do que faz, aprimorar a técnica e
trabalhar muito. São clichês, mas na nossa caminhada profissional a gente vai
percebendo que fazem o maior sentido.
Pensa em dirigir um curta
futuramente?
Já fiz alguns trabalhos como diretor e, atualmente, estou dirigindo um
documentário curta pelo qual tenho o maior carinho. É um filme sobre o diretor
de teatro Amir Haddad. Estou produzindo e dirigindo junto com a Vera Haddad,
sobrinha dele. Estamos montando. O filme está lindo.