Um dos expoentes do "cinema de
garagem", título do livro que escreveu em 2011 ao lado de Marcelo Ikeda.
Atuou no o longa-metragem "Linz – Quando Todos os Acidentes
Acontecem".
Qual é a importância histórica do
curta-metragem na filmografia nacional?
Como o curta-metragem não é um formato
comercial muito aplicado na indústria audiovisual, a sua importância sempre
estará no lugar da liberdade e da experimentação. Essas são as maiores
vantagens do formato. Além do exercício de seu discurso direto e de certa
viabilidade maior de produção, por ser mais barato dentro de determinadas
propostas. O difícil é difundir ou mesmo criar um circuito para manter o curta
circulando. Mas hoje com a Internet e com os festivais de curtas e cineclubes,
este quadro tem mudado muito.
O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
O fato de ser um formato onde são
possíveis maiores experimentações e riscos nas opções técnicas, estéticas e até
mesmo políticas.
Por que os curtas não têm espaço em
críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Simplesmente por não ser um formato
comercial. Mas depois da Internet, raras vezes, se o curta, de alguma maneira,
se tornar um viral na rede, ele se torna um “fenômeno” de audiência,
independente de seu formato, um exemplo “Tapa Na Pantera”. Atualmente existe
este circuito ainda em expansão, com muitas possibilidades a explorar ainda.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais
público?
Regulamentar a "Lei do
Curta", criar programas cineclubistas com mais do formato, propostas de
intervalos televisivos e ações de disseminação pela Internet.
O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Com certeza essa liberdade é uma das
maiores características do curta.
O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Sempre considerei o curta mais um
formato que um estágio, mais uma maneira de se narrar uma história ou de
poetizar o cotidiano do que um momento transitório. Como o conto na literatura,
um soco rápido no estômago.
Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
A receita não existe pronta, em
nenhuma cinematografia pelo mundo, tem que exercitar, experienciar, extrapolar
(3ex). Assistir muitos filmes, curtas, médias, longas, de todos os gêneros e
formatos sempre. Atualizar-se tecnicamente é muito importante. Buscar conhecer
a produção local, regional e nacional. Desenvolver e compartilhar ideias e
ações com as redes de realizadores, produtores e agitadores culturais.
Participar ativamente da sua cena. Produzir incansavelmente. Paciência e
resistência. Reinventar-se. Não ter inveja!
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Ontem, hoje e sempre.