Ator. Atuou em “2 Coelhos”, longa-metragem de Afonso Poyart. “República Dominicana”; “Vídeo para Camila” e “Nigéria fim
da linha”, são curtas-metragens que constam em seu currículo. Atualmente
está na telenovela “Cúmplices de um Resgate”, no SBT.
O que te faz aceitar participar de produções
em curta-metragem?
Eu gosto de me identificar com a história que
vai ser contada no curta-metragem, gosto de me sentir integrado, confortável. O ator tem que estar sempre em exercício,
praticando, apreendendo novas linguagens, novas direções. Muitas vezes os
roteiros de curtas-metragens propõem boas histórias, personagens interessantes,
desafiadores e isso é um bom combustível para o nosso trabalho criador.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Já passei por equipes bem organizadas e
outras nem tanto, e isso não está relacionado somente à falta de estrutura. Tem
equipe que tem toda a ideia na cabeça, mas, só enxerga o produto pronto, se
esquece do processo. Isso reflete no nosso trabalho, pois muitos não sabem
lidar com o ator, não sabem nos dirigir, não tem essa sensibilidade específica,
entende? Eles falam dos takes, dos enquadramentos, do som, da luz, mas não
colocam o ator nesse centro, não criam juntos, isso é uma pena. Quando você é
dirigido por uma pessoa que já fez teatro ou algo do tipo, a coisa muda de
figura, o cara te entende, o processo caminha melhor. Muitas vezes os valores
dos caches são simbólicos, você faz pela arte, pelo trabalho, pelo amigo.
Por
que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em
geral?
O nosso país está caminhando a passos lentos
quando o assunto é cultura, no geral; o teatro está aí sobrevivendo porque tem
um povo guerreiro, lutador, cheio de amor, sonhos e ideais, e é assim com a música,
a dança, etc., etc. Nosso cinema só consegue um espaço de destaque quando está
bem patrocinado, e/ou teve uma ótima aceitação fora do país. Quantos filmes
maravilhosos ficaram apenas duas semanas em cartaz. No caso dos curtas-metragens
não é diferente, ainda não existe uma tradição no nosso país a respeito desse
segmento. Quem aprecia esse trabalho, na maior parte das vezes são pessoas
ligadas à cultura. O povo em geral, não conhece. A ideia curta metragem ficou
muito atrelado à trabalho escolar; alunos de cinema que precisam finalizar um
curso convidam alguns atores oferecendo alimentação e ajuda de custo e pronto.
Essa mentalidade tem que mudar. Temos que pensar no profissional, fazer gerar
renda, é uma das formas que imagino para que possamos difundir mais essa ideia.
Na
sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Temos que começar na base, nas escolas.
Desenvolver um trabalho de maior inserção cultural, apresentar a esses meninos
e meninas essa arte, aguçar o senso critico. Exibir diversos trabalhos na rede
pública, municipal e privada de ensino. Tem um festival escolar na região do
Alto Tietê (SP) chamado “Cine&Arte” que já está fazendo isso, nele os
alunos do ensino médio e fundamental criam seus curtas, videoclipes.
Adolescentes que já irão para o mundo com uma visão diferenciada sobre os
curtas metragens, talvez eles é quem vão espalhar essa ideia para as novas
gerações, talvez essas novas gerações vão consumir mais esse segmento
artístico, talvez.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
Não há dúvidas! Porém, acredito que
precisamos criar e difundir ainda mais os festivais. Seguir o exemplo dos
organizadores do Festival Art Déco de Cinema entre outros que fazem premiações,
valorizam os trabalhos da equipe, atores, enfim... Essas iniciativas ajudam a
desvincular a imagem escolar desse segmento artístico, e podem contribuir para
chamar a atenção do público, e claro dos patrocinadores.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Depende. Se a produção criadora desse curta
alçar voos maiores e lembrar do ator e de sua equipe no futuro é possível. Mas,
como não acredito em Papai Noel, prefiro dizer que na maioria das vezes, os
mesmos atores que fizeram o curta por ajuda de custo ou alimentação, serão os
primeiros a serem substituídos quando a equipe conseguir patrocinadores para um
projeto dessa grandeza. Infelizmente é assim que acontece. E quero deixar claro
que não estou generalizando, mas os números a favor de uma situação como essa
são altos.
Qual
é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Será que existe receita? Creio que é
trabalho, trabalho e mais trabalho. A gente precisa arranjar uma forma de ser
sustentável, tentar não depender somente do governo, gerar nossa renda, nossos
projetos, criar nossas histórias. Como disse acima, precisamos melhorar o
entendimento cultural do nosso povo em todos os setores. Se o povo tiver mais
acesso à Cultura será bom pra todo mundo, é ele quem vai definir o nosso
sucesso.
Pensa
em dirigir um curta futuramente?
Sim. Tenho um texto que está
sendo roteirizado, e espero filmá-lo em breve. Será uma experiência marcante
com certeza, já temos a produtora que irá contribuir com a parte técnica, os
amigos da Produtora Replik. Quem sabe
não a gente não fala sobre isso numa próxima entrevista!