Ator,
diretor e iluminador. É integrante do Teatro Oficina desde 1988. Criou com o
grupo a Uzyna Uzona.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Roteiro,
personagem, diretor, mas não sou chamado pra fazer cinema, acho que os
diretores tem medo, querem uma interpretação mais próxima a TV que é o que o
grande público brasileiro conhece e eu não gosto desse tipo de interpretação,
acho pobre, não gosto mesmo e parece que a maioria dos
diretores acham o mesmo de mim, mas pra mm não sabem
dirigir ator.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Devo ter
participado de um ou dois curtas no inicio dos anos 80 antes de fazer teatro
que nem lembro os nomes, que eu me lembre foram pouquíssimas participações em
filmes e foram longas (“Baal” da Helena Ignez, “Via Láctea” de Lina Chamie, e “Amor
Liquido” de Victor Steiberg) agora não me lembro de outros.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Nem
curta, nem a maioria das peças de teatro ou longas com pouco dinheiro,
produzidos no Brasil. A mídia é comprada, digo, se não paga propaganda em
jornais ou não tiver ator ou diretor famosos não aparece mesmo.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Até o
final dos anos 80 era obrigatório antes dos longas-metragens estrangeiros, vi
muitos curtas assim, alguns bons outros ruins, mas eram vistos.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
É, e
exatamente por não ter distribuidor dizendo como deve ser o filme, os diretores
e roteiristas de longas sofrem com isso ou não tem grande distribuição.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Nem
sempre, como nem sempre uma crônica ou um conto ou uma poesia são trampolim pra
um romance.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Existe? Se
existe é trabalhar na TV Globo, mas acho que não existe receita, é trabalho
árduo mesmo.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Sempre pensei em dirigir cinema,
mas o teatro me ocupou esses últimos vinte e sete anos, nunca pude ou quis
parar e acho que pra fazer cinema bem feito tem que se dedicar. Dirigi uns dos
filmes dos Sertões (homem 2), mas continuava tetro e os câmeras iam atrás da
cena, nunca dirigi pra câmera, mas ainda vou fazer.