domingo, 1 de novembro de 2015

Marcelo Drummond


Ator, diretor e iluminador. É integrante do Teatro Oficina desde 1988. Criou com o grupo a Uzyna Uzona.

O que te faz aceitar participar de produções em curta-metragem?
Roteiro, personagem, diretor, mas não sou chamado pra fazer cinema, acho que os diretores tem medo, querem uma interpretação mais próxima a TV que é o que o grande público brasileiro conhece e eu não gosto desse tipo de interpretação, acho pobre, não gosto mesmo e parece que a maioria dos diretores   acham o mesmo de mim, mas pra mm não sabem dirigir ator.

Conte sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Devo ter participado de um ou dois curtas no inicio dos anos 80 antes de fazer teatro que nem lembro os nomes, que eu me lembre foram pouquíssimas participações em filmes e foram longas (“Baal” da Helena Ignez, “Via Láctea” de Lina Chamie, e “Amor Liquido” de  Victor Steiberg)  agora não me lembro de outros.

Por que os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Nem curta, nem a maioria das peças de teatro ou longas com pouco dinheiro, produzidos no Brasil. A mídia é comprada, digo, se não paga propaganda em jornais ou não tiver ator ou diretor famosos não aparece mesmo.

Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Até o final dos anos 80 era obrigatório antes dos longas-metragens estrangeiros, vi muitos curtas assim, alguns bons outros ruins, mas eram vistos.

O curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
É, e exatamente por não ter distribuidor dizendo como deve ser o filme, os diretores e roteiristas de longas sofrem com isso ou não tem grande distribuição.

O curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Nem sempre, como nem sempre uma crônica ou um conto ou uma poesia são trampolim pra um romance.

Qual é a receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Existe? Se existe é trabalhar na TV Globo, mas acho que não existe receita, é trabalho árduo mesmo.

Pensa em dirigir um curta futuramente?
Sempre pensei em dirigir cinema, mas o teatro me ocupou esses últimos vinte e sete anos, nunca pude ou quis parar e acho que pra fazer cinema bem feito tem que se dedicar. Dirigi uns dos filmes dos Sertões (homem 2), mas continuava tetro e os câmeras iam atrás da cena, nunca dirigi pra câmera, mas ainda vou fazer.