Ator. Atuou
na série "Clandestinos - O sonho não acabou", na TV Globo.
O que te
faz aceitar participar de produções em curta-metragem.
Acho que o ator, independente de qualquer plataforma,
vive em busca de bons personagens, boas histórias, e meios para experimentar o
seu trabalho. Como estou sempre envolvido e tomado pelo teatro, deixo de fazer muitos
trabalhos por conta do tempo. O curta-metragem, me permite ir e voltar.
Experimentar novas linguagens, trabalhar com novos diretores, e sempre aprender
com o novo. É
parecido com o teatro, no sentido de ser muito artesanal, muitas vezes quase
que familiar e amador no sentido literal da palavra. Por isso me sinto em
casa.
Conte
sobre a sua experiência em trabalhar em produções em curta-metragem.
Tenho
muito sorte nos trabalhos em que me envolvo. Quando aceitei fazer meu primeiro
curta-metragem como ator ("Mar Exílio" de Eduardo Morotó,
aceitei porque o roteiro que recebi me encantou. Não conhecia o Morotó,
era o primeiro trabalho dele, e não sabia onde estava pisando. Ali aconteceu um
trabalho lindo. Cinema de verdade, onde as coisas se transformam, e um tempo
dilatado de criação e mergulho naquela história. Foi uma experiência muito
forte. O Morotó me chamou pra fazer a trilha, também. Daí nasceu uma parceria,
que tenho muito orgulho. Depois desse, foram mais três curtas com ele, em que
compus a trilha sonora original, e mais um como ator ("Todos esses dias em
que sou estrangeiro"). Esses trabalhos são extremamente autorais, e
me levaram para outros trabalhos em curta-metragem, e para outros trabalhos com
trilha sonora. Daí percebi como esse mercado era um espaço fantástico para
mostrar meu trabalho, sem concessões.
Por que
os curtas não têm espaço em críticas de jornais e atenção da mídia em geral?
Acho que
a vida do cinema no Brasil nunca foi fácil. Hoje não é diferente. É romântico
fazer cinema.Cinema independente então.... Os curtas não têm espaço,
assim como o teatro não tem, e a música instrumental também não. Só tem espaço
o que é produto, feito pra vender. E eles vendem o que lhes convém. Basta ver
as matérias na capa dos principais jornais do país, distorcendo
tudo o que acontece. O
problema não é dos curtas-metragens.
Na sua
opinião, como deveria ser a exibição dos curtas para atingir mais público?
Na utopia
seria fantástico a TV aberta, por exemplo, dando espaço para curtas-metragens.
Mas dentro da realidade eu vejo o curta muito inserido hoje na internet. Hoje é
muito mais fácil teu trabalho ser visto. Tem curtas que tem mais de um milhão
de visitas no Youtube! É uma bela bilheteria.
O
curta-metragem para um profissional (seja ele da atuação, direção ou
produção) é o grande campo de liberdade para experimentação?
A maioria
dos curtas que vejo, são muito autorais e experimentais. O compromisso com o
resultado do trabalho não é com um patrocinador, nem com nenhum fim comercial.
É o lugar onde ainda se pode, e deve, se arriscar.
O
curta-metragem é um trampolim para fazer um longa?
Acaba que
o curta circula pelos festivais, e ali surge uma vitrine para o trabalho dos
curta-metragistas. Nunca fiz um curta pensando em um longa. Mas as
pessoas que fazem cinema acabam conhecendo teu trabalho ali.
Qual é a
receita para vencer no audiovisual brasileiro?
Essa é
uma pergunta difícil. Tem só um princípio básico que eu acredito.
Trabalhar. Tem muita
gente boa por aí.
Pensa em
dirigir um curta futuramente?
Por enquanto gosto do espaço que estou. Tenho a
sorte de trabalhar com diretores que admiro, e sempre cercado de muita gente boa no que
faz. Eu gosto muito de fazer parte.