Ator e produtor. Em 2011, filmou "Pizzaria do
Além", com Jorge Matsumi e Décio Pinto.
O que te faz aceitar participar de produções
em curta-metragem?
A produção de bons curtas-metragens no Brasil já é
uma realidade. Seria chover no molhado falar dos festivais e circuitos já
estabelecidos com seu público e sua crítica. Gostaria de falar mesmo da grande
satisfação de poder participar de pequenas e médias produções. Nasci no
interior de são Paulo e há dez anos me mudei para a capital onde desenvolvo
minha carreira desde então. Faço teatro desde 93 e me lembro das dificuldades
que enfrentávamos com a produção
cultural no interior. Naquela época
tentávamos fazer barulho com as nossas produções... o grupo tinha seus integrantes fixos e um monte de
gente que ia e vinha em cada nova montagem. Neste grupo fixo é o lugar onde
nossas inquietações fruíam e sempre tínhamos atores recém-chegados para atuar
em nosso grupo de vídeo (Proscenium Vídeo). O vídeo era um dos canais com o
qual contávamos para a agitação do município. Fizemos algumas mostras e até
dois festivais. Para se ter uma ideia, uma das mostras foi realizada em um dos
clubes tradicionais da cidade, a custo zero..... grande momento. Sobre a pergunta em questão
.... bem.... sou ator de teatro e como tal acredito que o teatro deve ser
artesanalmente produzido pelo artista... ou seja.. nos ensaios....com suas
angústias e inquietações....assim como o vídeo, a pintura, a escultura
etc...participar de uma boa proposta artística é que é o grande
barato....morrer de inveja boa de não ter tido
aquela ideia....aquela proposta...
esse é o grande barato!
Conte sobre a sua experiência em trabalhar em
produções em curta-metragem.
Quando me chamaram para tentar colaborar com
este canal e falar sobre vídeo fiquei feliz de poder falar disso... afinal de
contas minha experiência com o vídeo se
mistura com a minha careira...já adaptei obras, atuei em várias. Desde o começo
foram cerca de vinte curtas e entre alguns deles coisas que tomaram vulto. Mas
independentemente de sentido da obra o que me importa é o arcabouço cultural
presente.... falo disso porque a cada nova produção que se assiste você fica em
contato com um universo dos produtores daquele filme. Suas ideias, assim como o
ambiente que frequentam, os figurinos (que na maioria das vezes) são as
próprias roupas dos atores e tudo isso circunscreve um espaço no tempo. Esta
sensação se tem quando se assiste documentários antigos e aí é que temos noção
do valor cultural de um curta-metragem..
Por que os curtas não têm espaço em críticas de
jornais e atenção da mídia em geral?
Sinceramente acho
que já está claro que os canais de um modo geral tem seu
editorial... eles trabalham para alguém.... são empresas lucro imprescindíveis....se
você está inquieto com o sistema e resolve dar asas a sua verve artística está
claro que não vai em favor do sistema e
sim( de certa forma) contra... portanto... em ultima instancia são nossos
concorrentes. Não digo aqui que sou contra os canais de TV assim como
estão..... acho que poderiam ser mais interessantes.... mas é o sistema que
está posto.... o artista está sempre na contramão. o pequeno produtor de vídeo
a favor do sistema é chamado estagiário.
Na sua opinião, como deveria ser a exibição dos
curtas para atingir mais público?
Na minha opinião as
salas de cinema deveriam exibir curtas de até três minutos entre os trailers de grandes
produções....seriam facilmente digeridos e despertaria a tenção do grande
público para o cinema nacional.
O curta-metragem para um profissional (seja
ele da atuação, direção ou produção) é o grande campo de liberdade
para experimentação?
Pode ser.... mas na
minha opinião e experiência acredito que quando a produção começa envolver
grandes proporções tem que ter excelência... não dá para fazer curta de boa
qualidade com material ruim...atores ruins, péssima iluminação.....já fiz muito
curta e realmente não acredito nisso!
O curta-metragem é um trampolim para fazer um
longa?
Curta metragem é curta
metragem. Trampolim para fazer um longa é outra coisa.... aliás gostaria de
propor um raciocínio..... só se contam estórias de sucesso.... de pessoas que
deram certo...... seria mais proveitoso falarmos das coisas que não deram certo
a fim de orientar melhor a produção dos curtas no Brasil.
Qual é a receita para vencer no audiovisual
brasileiro?
Com a minha experiência
posso dizer que aprendi que uma coisa é
o artista.... minhas inquietações..... outra coisa é o cara querer fazer um
filme que tenha um mínimo de qualidade artística.... uma boa estória...uma boa
proposta... e aí neste ponto é que a gente erra...achando que vai fazer tudo
sozinho com a melhor qualidade possível....sejamos artistas, produtores, cenotécnicos,
figurinistas mas com a ajuda de várias
pessoas dá para se concentrar mais em cada uma das importâncias do filme....ainda que ele seja um curta. A
minha maneira de enxergar é dando
conselhos..... ( se fossem bons seriam vendidos). Ser livre.... não ver
muita televisão.... e pensar no público.... a humanidade esta cheia de boas
estórias e sempre vai prestar atenção em uma boa. O público só que ser bem
tratado e ouvir uma boa estória. Se é capaz de fazer isto....então está no
caminho certo.
Pensa em dirigir um curta futuramente?
Claro!! Uma boa
proposta... sempre!!!